Quem conhece a taipa? Pessoalmente, posso dizer que morei minha infância em uma casa de taipa, no interior de São Paulo, na década de 80 de nosso tempo.
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A Taipa é uma técnica em que a partir de uma armação de madeira, tábuas e taquara, constroi-se paredes de barro pré socado, este moldado nos vãos quadriculados da armação.
No entanto, na São Paulo do Sec XIX, o impulso do café denotava mudanças radicais, sobretudo no conforto exigido pela nova clase que se assenhorava da metrópole. Após intensas enchentes no ano de 1850, a taipa começou a ser questionada nos pavimentos inferiores das casas metropolitanas.
Casas de Taipa e Alvenaria
Rua da Constituição (atual Florêncio de Abreu), São Paulo, em 1860
Segundo Nuno Santana (1) , Ofício de 1850 sugeria que o uso da taipa fosse restrito a andares superiores, no caso de sobrados, e apenas para as paredes das casas térreas, sendo os alicerses de alvenaria.
Mas a produção de tijolos era pequena, pois segundo Galvão de Fontoura a primeira grande fábrica só foi inaugurada em 1859, no Bom Retiro. Cita ainda Ernani Silva Bueno (2) que para construção do Seminário Episcopal, entre 1855 e 60, valeram-se do sistema de Taipa pela insuficiência da produção.
Incrível imaginar que de Taipa também eram as torres das igrejas, que sofriam com as tempestades, por vezes raios, como um que atingiu em 1830 a torre da igreja da misericórdia.(2,3).
Seja como for, a taipa sobreviveu nas regiões mais inóspitas e interioranas do Brasil, onde perdurou forte até 1950 ou um pouco mais.
Para finalizar, transcrevemos informação constante em Ernani Silva Bueno (2) de que em Piracicaba a primeira construção de tijolos descambou numa "bolsa de apostas" sobre se ela cairia ou não.. o dono se irritou e colocou uma placa: "O dono desta obra não deve satisfações a ninguém!"
Por Rogério Silva Temporini
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1 Nuno Santana, São Paulo Histórico 1
2 Ernani Silva Bueno, História e Tradições da Cidade de São Paulo
3 Jornal O FAROL PAULISTANO, número 412, de 1830