Buraco do Tatu

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tatuapé: para lá e para cá do bonde


Nos anos 20, bairro era dividido pelos trilhos: de um lado ficavam as chácaras; do outro, as fábricas

Fábio Sanchez | 15/09/2010
Operários no eixo ferroviário centro-Penha, em 1916: rumo à industrialização
Operários no eixo ferroviário centro-Penha, em 1916: rumo à industrialização
Guilherme Gaensly/Instituto Moreira Salles
A linha de bonde que atravessou o Tatuapé ao meio, por volta de 1875, também dividiu o bairro em passado e futuro. Ao norte dos trilhos surgiriam, nas décadas seguintes, chaminés de fábrica e vilas operárias, no movimento de industrialização que mudou a cara de São Paulo. Ao sul da ferrovia ficaram as antigas chácaras, resquício da época em que toda aquela área, nas várzeas do Rio Tietê e do Córrego Tatuapé, era dedicada ao plantio de uvas.
Revista Alô Tatuapé
Padaria Lisboa, no Tatuapé, em 1952
Padaria Lisboa, no Tatuapé, em 1952
Difícil pensar em um vinho feito no Tatuapé, mas essa foi a principal atividade econômica da região por três séculos. A primeira vinícola paulista foi inaugurada ali pelo explorador Brás Cubas, em 1560. Em 1876, o presidente da província de São Paulo, João da Silva Carrão, convidou dom Pedro II a visitar sua casa, no Sítio do Capão Grande do Tatuapé, e provar um tinto tatuapeense. Livros de história registram que o imperador foi, bebeu e gostou. Carrão hoje é lembrado por batizar o distrito vizinho. A viticultura teve sua última fase no começo do século XX, com a chegada de imigrantes italianos como Benedecto Marengo e seu filho, Francisco. A família Marengo foi a primeira a produzir uvas niágara no Brasil e acabou batizando logradouros do bairro, como as ruas Francisco Marengo e Emília Marengo (mulher de Francisco). Mas, quando os italianos chegaram para trabalhar em pequenas lavouras, a linha do bonde já cruzava o cenário, sinalizando a chegada de um novo tempo.
Gazeta do Tatuapé
Praça Silvio Romero, em 1955
Praça Silvio Romero, em 1955
O eixo ferroviário centro-Penha serviu para guiar a industrialização na Zona Leste da capital. A partir da década de 20, chaminés de fábricas como a química Duperial e a tecelagem Tatuapé tornaram-se parte do bairro. As vilas operárias concentraram um público de assalariados na região. Não era uma área nobre da cidade, mas contava com modernidades como luz elétrica e serviços de saúde. Para atender a massa de consumidores surgiram instalações comerciais, que conheceram seu primeiro apogeu na Avenida Celso Garcia dos anos 60 e 70. A avenida chegou a ter cinco cinemas e foi um centro comercial, com grandes lojas e galerias. Hoje está degradada, com casarões que viraram cortiços. A retirada da unidade da Febem do bairro não foi suficiente para modernizá-la.
A nova explosão residencial e comercial ignora a Celso Garcia e espalha-se por outras vias. Ocupa os galpões industriais que começaram a se esvaziar nas décadas de 80 e 90 e áreas quase virgens, como a da fazenda comprada em 1911 pela educadora Anália Franco — o Jardim Anália Franco. A Rua Tuiuti, que cruza a Celso Garcia, é exemplo de como o comércio de rua perdeu espaço, mas não se rende. Há um segredo interiorano para manter os clientes enquanto os shopping centers pipocam no entorno. “A gente conhece toda a família e recebe as pessoas como se estivesse em casa. O cliente volta sempre”, diz Camal Chaim, com a autoridade de quem dirige uma loja de roupas masculinas que funciona há 59 anos no número 1164 da Tuiuti. A estratégia requer tempo, mas o tiro é certeiro. “Comecei como cliente com o pai do Camal, e o filho também é muito simpático”, conta Nelson Palhari, 82 anos, que fez sua primeira compra no lugar em 1960. A memória do bairro está bem preservada pelos senhores aposentados que passam o dia jogando damas, baralho e dominó nas praças Silvio Romero e Nossa Senhora do Bom Parto. “Quando a gente suava para convencer a mãe a nos deixar ir à matinê ou às quermesses da Bom Parto, andar pelo Tatuapé era muito romântico”, diz Maria da Glória Gonçalves, há 74 anos no bairro. “Os jovens ainda passeiam para se divertir nos mesmos lugares, mas agora existe mais comércio.”
Gazeta do Tatuapé
Casa do Regente Feijó, em 1910
Casa do Regente Feijó, em 1910
Com 83 anos de vida no Tatuapé, Antonio da Silva Fernando diverte-se na Silvio Romero desde a juventude. Em 1943, ajudou a criar o Record Futebol Clube, sediado no local onde hoje está o Magazine Luiza. No lugar da Padaria Lisboa ficava... a Padaria Lisboa. Fundada há 97 anos na esquina da Praça Silvio Romero com a Rua Isidro Tinoco, mudou pouco na aparência e na freguesia. Todo mundo se conhece. “Aqui é uma cidade do interior. É impossível andar na rua ou no shopping sem cumprimentar uma dezena de amigos”, afirma Flávio Roveri Martins, neto do fundador da padaria e dono de uma importadora aberta no prédio vizinho.

Quem foi Anália Franco?
Revista Alô Tatuapé
Anália Franco Bastos, professora fluminense radicada no Tatuapé
Anália Franco Bastos, professora fluminense radicada no Tatuapé
Nascida em Resende (RJ), Anália Franco Bastos (1856-1919) mudou-se aos 8 anos para São Paulo, onde se formou professora. Fundou mais de 100 instituições educacionais na capital e no interior. Em 1911, comprou a Fazenda Paraíso e estabeleceu ali uma escola-fazenda: ex-prostitutas trabalhavam na lavoura, e o lucro da venda dos alimentos bancava o estudo de crianças órfãs. O terreno foi vendido aos poucos em lotes menores, e a área ficou conhecida como Jardim Anália Franco. A sede da fazenda ainda está conservada, no câmpus Tatuapé da Universidade Cruzeiro do Sul. Anália Franco morreu de gripe espanhola, aos 62 anos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Bairro do Brás


Bairro do Brás em 1950 - Arquivo DPH
Bairro do Brás em 1950
O Bairro do Brás teve sua origem na capela erguida pelo português José Brás, em louvor ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos, no século XVIII. Teve sua vocação definida a partir da implantação da ferrovia, em 1877, e influiu decisivamente naposterior configuração social do espaço, pelo fato de haver atraído para suas margens atividades industriais e comerciais. Seus terrenos insalubres, alagadiços, de baixo custo, e as indústrias que começavam a se instalar transformaram-no num bairro popular, onde a influência italiana se fez sentir de maneira decisiva a partir do final do século XIX.

Fonte: Site Prefeitura de SP
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   Vejam esta fantástica foto do que viria a ser a Avenida Rangel Pestana no sentido que ia para a Penha, em 1860. À esquerda, a capelinha e atual Igreja de Bom Jesus de Matosinhos (Brás)

domingo, 14 de agosto de 2011

Waldemar Daninsky, o lobisomem espanhol


Pense em uma série de filmes de lobisomem produzida na Espanha, iniciada no final da década de 1960 e que durou até 2003 (por enquanto). Os longas-metragens – sempre produzidos com baixos orçamentos e com um pé no exploitation – apresentavam, além de lobisomens, toda uma vasta gama de criaturas do mal, como vampiros, bruxas, mortos-vivos, membros de seitas satânicas, cientistas malucos e até o diabo em pessoa. O personagem principal de todas essas obras é um homem atormentado pela maldição que o transforma em lobisomem nas noites de lua cheia, e seu intérprete em todos os filmes é Paul Naschy, nome artístico do ator espanhol Jacinto Molina, também responsável pelos roteiros e pela direção de vários dos longas-metragens da série. Acrescente ainda as seguintes informações: embora sempre protagonizados pelo mesmo personagem, os filmes possuem pouca ou nenhuma relação entre si, e, de uma maneira geral, são mal dirigidos, têm roteiros estapafúrdios, diálogos constrangedores e atuações que se constituem num primor do humor involuntário. E mesmo assim, são divertidos a tal ponto de terem sido lançados e relançados nos EUA e na Europa com uma infinidade de títulos diferentes, conquistando uma gama de admiradores tão fervorosos que acabaram viabilizando o lançamento de vários outros produtos relacionados à série, como livros, histórias-em-quadrinhos e áudio-books. Pronto, você já está sabendo o suficiente para ser introduzido no universo dos filmes de “Waldemar Daninsky, o lobisomem espanhol”.
É claro que essa alcunha de “lobisomem espanhol” se deve a nacionalidade das produções, e não do personagem, uma vez que em cada filme Waldemar Daninsky parece ser proveniente de um lugar diferente, ora sendo apresentado como polonês, ora dando a entender que é norte-americano, algumas vezes francês e assim por diante. Isso não deve ser tomado como surpresa pra quem ainda não conhece a série, pois coerência e cronologia são termos cujos significados passam bem longe destas produções. Tanto é que, embora o personagem principal seja sempre o mesmo, as histórias dos filmes se passam em lugares e épocas bem diversas, de tal forma que em apenas duas ou três ocasiões percebe-se a presença de alguns elementos que ligam de fato a história de uma obra à outra. Ao longo de 13 filmes, a origem da licantropia de Daninsky foi reinventada várias vezes, ora sendo atribuída ao ataque de outro lobisomem, ora sendo uma maldição proferida por uma bruxa e até mesmo apresentada como um mal hereditário, que atormenta a infeliz família ao longo das gerações. Além disso, muitos filmes são praticamente refilmagens uns dos outros, mudando a maior parte do elenco, a ambientação e alguns elementos secundários do roteiro, mas mantendo a mesma premissa básica.
Abaixo segue a lista de todos os filmes protagonizados por Waldemar Daninsky, o lobisomem espanhol:

Nomes alternativos: The Mark of the Wolfman, The Werewolf's Mark, The Vampire Of Dr Dracula, Frankenstein's Bloody Terror

Nomes alternativos: Werewolf vs. the Vampire Women, Werewolf Shadow, Shadow of the Werewolf, Blood Moon, Nacht der Vampire


Nomes alternativos: The Fury of the Wolfman, The Wolfman Never Sleeps

Nomes alternativos: Dr Jekyll and the Werewolf / Wolf Man, Dr Jekyll vs. the Werewolf / Wolf Man

Nomes alternativos: Curse of the Devil, The Return of Walpurgis / the Werewolf, La Noche del asesino, The Black Harvest of Countess Drácula

Maldición de la bestia, La (1975)
Nomes alternativos: Night of the Howling Beast, Hall of the Mountain King, Horror of the Werewolf, The Werewolf and the Yeti

Retorno del Hombre-Lobo, El (1980)
Nomes alternativos: The Craving, Return of the Wolf Man, Night of the Werewolf

Nomes alternativos: The Werewolf / The Beast and the Magic Sword, La Bestia y los samurais

Aullido del diablo, El (1987)
Nomes alternativos: Howl of the Devil

Nomes alternativos: Lycantropus : The Moonlight Murders

Obs: filme produzido diretamente nos EUA

Tendo tudo isso em vista, nada melhor do que um olhar sobre a mais famosa das obras protagonizadas por Waldemar Daninsky cujo título original em espanhol é “La Noche de Walpurgis” (1971) e que foi relançada recentemente nos EUA com o nome de “Werewolf Shadow”. Para conferir o artigo completo sobre o filme publicado no site Boca do Inferno, clique no link abaixo:

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Fotos Antigas de Sâo Paulo - Parte 2

Recebi um maravilhoso PPS de meu amigo GIBA com uma comparação de fotos de São Paulo tiradas no mesmo ponto, porém algumas com mais de 150 anos de espaço entre os cliques...

No entanto, nesta postagem, seguem apenas 4 fotos, e nem todas tem o paralelo com uma foto atual.

Aqui, uma foto da estação da Luz em 1867!!


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Agora, o vale do anhangabau:


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Avenida São João. Esta, mais "atual" :

quarta-feira, 20 de julho de 2011

São Paulo - Século XVIII - Das Casas de Taipa ao Tijolo



Quem conhece a taipa? Pessoalmente, posso dizer que morei minha infância em uma casa de taipa, no interior de São Paulo, na década de 80 de nosso tempo.

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A Taipa é uma técnica em que a partir de uma armação de madeira, tábuas e taquara, constroi-se paredes de barro pré socado, este moldado nos vãos quadriculados da armação.

No entanto, na São Paulo do Sec XIX, o impulso do café denotava mudanças radicais, sobretudo no conforto exigido pela nova clase que se assenhorava da metrópole. Após intensas enchentes no ano de 1850, a taipa começou a ser questionada  nos pavimentos inferiores das casas metropolitanas.

Casas de Taipa e Alvenaria
Rua da Constituição (atual Florêncio de Abreu), São Paulo, em 1860

Segundo Nuno Santana (1) , Ofício de 1850 sugeria que o uso da taipa fosse restrito a andares superiores, no caso de sobrados, e apenas para as paredes das casas térreas, sendo os alicerses de alvenaria.

Mas a produção de tijolos era pequena, pois segundo Galvão de Fontoura a primeira grande fábrica só foi inaugurada em 1859, no Bom Retiro. Cita ainda Ernani Silva Bueno (2) que para  construção do Seminário Episcopal, entre 1855 e 60, valeram-se do sistema de Taipa pela insuficiência da produção.

Incrível imaginar que de Taipa também eram as torres das igrejas, que sofriam com as tempestades, por vezes raios, como um que atingiu em 1830 a torre da igreja da misericórdia.(2,3). 

Seja como for, a taipa sobreviveu nas regiões mais inóspitas e interioranas do Brasil, onde perdurou forte até 1950 ou um pouco mais.

Para finalizar, transcrevemos informação constante em Ernani Silva Bueno (2) de que em Piracicaba a primeira construção de tijolos descambou numa "bolsa de apostas" sobre se ela cairia ou não.. o dono se irritou e colocou uma placa: "O dono desta obra não deve satisfações a ninguém!"

Por Rogério Silva Temporini

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1 Nuno Santana, São Paulo Histórico 1
2  Ernani Silva Bueno, História e Tradições da Cidade de São Paulo
3  Jornal O FAROL PAULISTANO, número 412, de 1830

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Caboclo D'agua está a solta...


http://www.youtube.com/watch?v=jbFyX56sk2U

      A riqueza do folclore brasileiro, o oficial e o "local", é a própria riqueza do nosso povo, tão robusta que muitas vezes vaza um pouquinho para a realidade, ou será mesmo que não seja, por vezes, a própria realidade?

     O fato é que a cidade de Barra Longa (MG) vive dias de intensa agitação com as muitas histórias recentes sobre o encontro com o tal Caboclo D'água... Bem, a história é longa, e vale o vídeo abaixo. Deste, extraimos a muito custo o que pode ser a descrição falada do monstro ...



   Há muitos textos sobre o Caboclo; temos uma informação quente:


"...Os pescadores, para afugentá-lo, costumam pintar uma estrela debaixo de seus barcos.
O pescadores quando sentem que estão sendo perseguidos pelo Caboclo d’Água, oferecem um pedaço de fumo ao monstro, o que aparentemente o acalma. Mas não por muito tempo.

Algumas pessoas já tentaram chegar à gruta que é sua morada por causa do ouro, mas todas foram encontradas mortas algum tempo depois.É uma espécie de maldição lançada pelo caboclo, quem sai da gruta não pode ficar vivo para contar o que viu..."  fonte



   Bem, agora é só dar Play! é no Jornal Nacional!

Abraços e boa imaginação a todos!   
RST

A História me fascina; propriamente, a história de minha cidade(São Paulo) e de sua formação, as migrações no estado de São Paulo, a história da ferrovia e as formações do folclore e da cultura musical do Sudeste.

Mas.. as "estórias" também sempre me envolveram e brilham ainda em minha memória; as "estórias" contadas pelo meu avô, sobre entidades folclorescas da escuridão, e suas digressões... Gosto do Lobisomen e do boitatá... E conversaremos sobre eles brevemente!